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O economista e ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga garantiu, na manhã desta quinta-feira (8), que não recebeu convites do presidente Michel Temer para substituir o atual ministro da Fazenda Henrique Meirelles. Ele esteve em Vitória para o encerramento do ciclo de debates dentro do projeto Espírito Santo Competitivo, realizado pela TV Gazeta.

No evento, que aconteceu no Centro de Convenções de Vitória e tem a parceria da ArcelorMittal e do governo do estado, Fraga disse que as especulações sobre seu nome não têm fundamentos e que é natural pressão sob a equipe econômica diante do quadro crítico que o país enfrenta.

Aliás, o economista elogiou o trabalho que vem sendo realizado pelo time chefiado por Meirelles e frisou que as propostas apresentadas até agora "são excelentes".

Confira algumas respostas dadas por Armínio Fraga durante o último dia do ES Competitivo, evento que tem o objetivo de identificar as estratégias que podem ser adotadas no Estado para dinamizar a economia e gerar novas oportunidades de trabalho, renda e ascensão social para os capixabas:

O país está convivendo com uma crise econômica e política. Qual o senhor considera a mais grave?

O mais grave é que elas estão acontecendo ao mesmo tempo. Esse que é o problema. No fundo, acho que a crise política precisa ser resolvida antes que uma resposta assim contundente possa ser dada. Mas o que está sendo feito já representa um avanço e as coisas vão ter que evoluir em paralelo.

E as reformas que foram colocadas pela equipe do presidente Temer. Como o senhor vê?

São excelentes. Esse governo é um governo novo. O impeachment tem pouco mais de três meses. Então, acredito que a agenda inicial da PEC 241, da reforma da Previdência e de outras um pouco menores é correta. E eu espero que ela não pare aí. Que possa vir depois, por exemplo, uma reforma tributária, que possa corrigir os problemas do ICMS. Eu gostaria de ver também os temas trabalhistas sendo abordados para facilitar a retomada do emprego. Muita coisa a se fazer.

Então, a avaliação do ministro da Fazenda Meirelles e sua equipe é positiva?
Com certeza. É um time de craques. Agora, eles agem sob restrições políticas muito importantes. Elas sempre existem e, neste momento, mais ainda. Então, acho que eles precisão insistir. Porque isso que eles têm feito, de abrir a discussão, de colocar na mesa as propostas pode dar certo mesmo nesse ambiente difícil.

Nos últimos dias têm havido algumas críticas e uma pressão sobre o Meirelles, e o nome do senhor chegou a ser cotado na imprensa como possível substituto. Existe fundamento nisso?

É sempre simpático as pessoas se lembrarem da gente e tudo mais. Mas isso não faz sentido. As demandas implicitamente pedem menos ajuste e eu defendo um certo sangue frio e mais ajuste. Eu defendo a linha que o governo está procurando seguir e acho que essa pressão em cima das pessoas que estão lá em Brasília agora é natural num momento de profunda recessão. Mas é preciso insistir. Não está na hora de desviar para uma rota pior, que é o que está implícito nas propostas. Seria um erro gravíssimo.